Há uma grande variedade de modelos e valores que podem ser utilizados para o circuito de tonalidade de guitarras. O meu grande amigo Paulo May fez um excelente post sobre as variantes dos capacitores e sua influência no timbre, mas eu queria mesmo compartilhar algo que li por acaso...
Sempre entro no site da revista americana Premier Guitar para ver os excelentes vídeos de review de equipamento que eles fazem com as estrelas. No meio do vídeo do James Valentine do Maroon5, vi um link sobre capacitores para Strato e cliquei para ver se tinha algo interessante e/ou diferente. O artigo era dividido em 4 partes, e nas duas primeiras era mais do mesmo, porém na terceira parte, o autor Dirk Wacker (do site www.singlecoil.com ), conta uma situação que passou com um cliente que havia levado uma Fender Strato 62 reclamando que o som estava estranho, e que suspeitava que eram os captadores. Resumindo bastante a estória, quando empunhou a guitarra, logo notou as características ressonantes e vivas de uma excelente strato mesmo desplugada, porém quando ligou o Bassman 59 ela soava "normalzinha" .
Intrigado começou a investigar peça a peça chegando a substituir o escudo original com um novo com elétrica nova e captadores Fender 57/62 os quais segundo Dirk, estava soando divinos na guitarra. Não acreditando que o problema eram com aqueles maravilhosos captadores originais da 62, desmontou todo a elétrica e foi testanto e montando um a um dos componentes que pareciam estar todos OK. Quando retornou o escudo original à guitarra, ela "acordou" e agora soava vibrante e ressonante, muito diferente de quando chegara a sua oficina. Como não havia substituído nenhum componente original, começou a analisar o que poderia ter possivelmente causado a melhora, e analisando as fotos do antes e depois, concluiu que a única diferença era a orientação da ligação do capacitor, no caso um Orange Drop que antes estava com a escrita para baixo, agora estava para cima. O que na teoria não deveria fazer diferença, na prática provou-se o contrário.
Não vou entrar nas explicações técnicas e teóricas do por quê isso ocorre, mas a orientação deveria importar somente em capacitores polarizados como os eletrolíticos , tântalo e etc, mas não num Orange Drop. Notem que ele não possue nenhum indicação de + ou -.
Buscando tal resposta, gravei um lick simples com a minha Strato nas 5 posições da chave com um Orange Drop de .047 ligado nas duas posições e comparei os resultados. A resposta pra minha surpresa foi SIM, existe diferença!
Sample 1:
Sample 2:
Parece que quando ligado da maneira "correta", o timbre ganha vida e os chamados "overtones" pulam pra fora da guitarra de maneira mais orgânica e viva. É difícil explicar, mas parece que a guitarra fala mais ao toque. Quando ligado da maneira "errada", o timbre fica meio opaco. O DNA está todo ali, só que ligado de uma certa maneira, o timbre fica melhor e mais agradável. Ouvinod na frente do amp com volume fica ainda mais evidente.
O Dirk ressalta que não tem como saber de antemão qual a direção correta do capacitor para ligar, e que mesmo o fabricante não garante que é com a escrita pra cima ou pra baixo. Só testando pra saber e ouvir qual soa melhor. Mais uma peça no quebra cabeça do timbre!
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PS: a gravação foi feita usando o Amplitube 3.5 na simulação American Clean 1 (Fender) com os controles de EQ todos no 5. A guitarra foi a minha JRCaster de Alder com braço de Maple e escala em rosewood. Vou fazer um post da construção dela em breve !:-)